Pe Wagner

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A EUCARISTIA - PÃO DA VIDA EM DEUS

Eucaristia

Presença real de Jesus
Para muitos cristãos a Eucaristia ainda é um sacramento desconhecido, e por isso deixam de receber a plenitude dos seus benefícios. Somado a isso, existem aqueles que, devido a uma interpretação falha da Escritura Sagrada e a falta de coragem para examinar com atenção a prática da Igreja primitiva, tiram conclusões distantes do verdadeiro propósito de Nosso Senhor Jesus Cristo ao celebrar a última ceia.
São Boaventura dizia que a Eucaristia é um mistério difícil, seguro e doce. Difícil porque tudo é aparentemente escondido, exige o olhar da fé. Seguro pois apóia-se nos ensinamentos do próprio Jesus nos evangelhos. Doce pelo fato de ser alimento capaz de trazer todas as graças, conforto e favores celestiais.
Pascal, o grande pensador cristão, afirmava: “Como abomino estas dúvidas de não acreditar na Eucaristia. Se o evangelho é verdadeiro, se Jesus é Deus, qual a dificuldade em crer em verdade tão sublime?”.

A instituição da Eucaristia e a Ceia Pascal judaica
Jesus Cristo celebrou pela primeira vez a Eucaristia reunido com os apóstolos na noite de quinta-feira santa, véspera de sua paixão e morte. “Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão...” (1Cor 11,23) Chama a atenção o fato de o Senhor ter escolhido a ocasião da Páscoa judaica para a última ceia: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer” (Lc 22,15). Para compreender a profundidade da vontade de Jesus Cristo manifestada nessa refeição sagrada, é necessário também conhecer o significado da ceia pascal judaica.
A Páscoa judaica era composta de uma série de rituais, com a finalidade de comemorar festivamente o Êxodo, isto é, a libertação do judeus da escravidão do faraó do Egito. “Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua” (Ex 12,14).
No tempo de Jesus, a ceia pascal judaica era preparada com muitos detalhes. Para quem estava em Jerusalém era necessário levar o cordeiro na tarde do dia da ceia ao Templo para ser sacrificado. Era tirado o sangue do animal e aspergido pelos sacerdotes no altar dos holocaustos. A carne era devolvida para ser assada e consumida na noite da ceia da Páscoa.
Os evangelhos fazem questão de acentuar que a última ceia foi realizada como uma autêntica ceia judaica: “No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: Onde queres que preparemos a ceia pascal?” (Mt 26,17).
A ceia judaica começava com uma primeira bênção do vinho. Este primeiro cálice, servido de uma única jarra, era o símbolo da unidade de todos os presentes. Jesus, antes da consagração, também serviu este primeiro cálice: “Pegando o cálice, deu graças e disse: ‘Tomai este cálice e distribuí-o entre vós’” (Lc 22,17). Então tinha lugar a bênção da festa. Em continuação apresentava-se ao chefe da família a bacia e a toalha para lavar as mãos, como símbolo da purificação interior de todos os convidados. Jesus aprofundou o conteúdo desse momento introduzindo o lava-pés, ensinando aos seus apóstolos o caminho do sérvio em favor do outro e da humildade: “... se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros” (Jô 13,14). E, por fim, todos comiam ervas amargas e era apresentado o pão ázimo (sem fermento). As ervas amargas molhadas em água salgada simbolizavam a dor e as lágrimas da escravidão do Egito. Provavelmente, nesse momento o Senhor faz o anúncio da traição de Judas: “Durante a ceia, disse: ‘Em verdade vos digo: um de vós me há de trair’. Com profunda aflição, cada um começou a perguntar: ‘Sou eu, senhor?’ Respondeu Ele: ‘Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá’” (Mt 26, 21-23) e lhe dá um pedaço de pão: “...Em seguida, molhou o pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes” (Jo 13,26).
A seguir, era dado o segundo cálice com vinho, e um dos presentes pedia ao pai de família para contar o sentido daquela refeição. De um modo simples eram explicados os principais elementos. Páscoa significa passagem, conforme Ex 12, 26-27: “E quando vossos filhos vos disserem: que significa esse rito? Respondereis: é o sacrifício da Páscoa, em honra do Senhor que, ferindo os egípcios, passou por cima das casas dos israelitas no Egito e preservou nossas casas”. O pão é sem fermento, porque, na pressa de fugir dos egípcios, “o povo tomou a sua massa antes que fosse levedada” (Ex 12,34). O cordeiro pascal recorda a noite da primeira Páscoa, quando o sangue dele marcado nas casas dos israelitas os protegeu do anjo exterminador (Ex 12,21-23). As ervas amargas recordam a amargura dos anos de cativeiro. E terminava com uma prece de gratidão, utilizando a recitação da primeira parte do pequeno Hallel (Sl 113), ou seja, um salmo de louvor pela libertação realizada na saída do Egito.
Agora começava a ceia pascal propriamente dita. O pai de família abençoava e partia o pão ázimo, colocava sobre ele ervas amargas molhadas no molho e oferecia aos convidados. Aqui Jesus tomou o pão e instituiu a Eucaristia dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). Depois comia-se o cordeiro pascal. E finalmente era servido o terceiro cálice, chamado de “cálice da bênção”. Esta é a hora da consagração do vinho. São Paulo fala do terceiro cálice ao perguntar: “O cálice de bênção, que benzemos, não é a comunhão do sangue de Cristo? (1Cor 10,16). No evangelho de São Lucas, está escrito que Jesus “tomou o cálice, depois de cear, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós’” (Lc 22,20). Recolhiam-se os restos da ceia e servia-se o quarto cálice de vinho. Encerrava-se a ceia cantando a segunda parte do Hallel (Sl 114-118).

O significado da presença real de Jesus
Uma das dificuldades em relação à Eucaristia é compreender a intenção de Jesus ao celebrar a última ceia. Novamente é necessário recorrer à Sagrada Escritura para entender o significado das palavras do Senhor.
Quando Jesus disse “Isto é o meu corpo”, com toda a probabilidade usou o termo basar=carne. Em hebraico ou aramaico o termo “carne” indica a pessoa por inteiro, e não só a matéria ou corpo físico. Por meio da afirmação “isto é meu corpo”, Jesus revelou estar dando a totalidade do seu ser: corpo, sangue, alma e divindade.
A mesma reflexão vale para o termo “sangue” (dam). Ele tem um caráter sagrado, pois significa vida e tem uma ligação direta com Deus, o único Senhor da vida. “A alma da carne está no sangue, e dei-vos esse sangue para o altar, a fim de que sirva para expiação de vossas almas, porque é pela alma que o sangue expia” (Lv 17,11); “Mas guarda-te de absorver o sangue; porque o sangue é a vida, e tu não podes comer a vida com a carne” (Dt 12,23). Portanto, o sangue tinha um uso cultural, isto é, o sangue era usado no altar para a expiação dos pecados. Em relação ao homem representa a pessoa com toda a sua vitalidade existencial. As palavras “isto é meu sangue” indicam que Jesus Cristo apontou para si, oferecendo novamente toda Sua pessoa.
No discurso do pão da vida (Jô 6), o Senhor já havia preparado os apóstolos para compreender o verdadeiro, significado das suas palavras. Em Jô 6,27, lemos: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do homem vos dará”. O Cristo fala de algo ainda não dado, do que se trata? A resposta a encontramos em Jô 6,51: Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.” Onde Ele deu o pão como sendo a sua carne? No cenáculo durante a última ceia: “Durante a refeição , Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei, isto é meu corpo’” (Mt 26,26).
A afirmação “... e o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo” provocou a reação de alguns judeus: “Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne? ’” (Jô 6,52). Eles tinham entendido o ensino sobre o pão da vida em sentido literal. Para os judeus era algo grave e escandaloso, por ser expressamente proibido beber sangue: “A todo israelita ou a todo estrangeiro, que habita no meio deles, e que comer qualquer espécie de sangue, voltarei minha face contra ele, e exterminá-lo-ei do meio do meio do seu povo” (Lv 17,10). Se tivessem interpretado errado a sua explicação, e Jesus Cristo quisesse que entendessem somente de modo simbólico as suas expressões “carne” e “sangue”, Ele teria corrigido o engano. Isso não aconteceu. Ao contrário, reafirmou a necessidade de comer a sua carne e beber o seu sangue: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna... pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e meu sangue, verdadeiramente uma bebida” (Jô 6, 54-55).

A Eucaristia e os primeiros cristãos
Um dos melhores modos para entender o significado da última ceia é conhecer a prática daqueles que viveram mais próximos de Jesus. Desde o início da Igreja cristã a Eucaristia ocupou o lugar central na celebração do culto completo a Deus. E nos primeiros 500 anos de cristianismo não existiu discordância quanto a tratar-se da Presença real de Jesus.

Didaqué
Um dos mais antigos manuais de catequese, datado entre os anos 90-100 d.C. Dois textos destacam-se:
-Eucaristia como realidade santa
“Ninguém coma nem beba de vossa Eucaristia, se não estiver batizado em nome do Senhor. Pois a respeito dela disse o Senhor: ‘Não deis as coisas santas aos cães’” (9,5).
- Fonte de santificação do Domingo
“Reuni-vos no dia do Senhor para a fração do pão e agradecei (celebrai a eucaristia)... ‘Com efeito, deste sacrifício disse o Senhor: Em todo o lugar e em todo o tempo se me oferece um sacrifício puro, porque sou um grande rei – diz o Senhor – e o meu nome é admirável entre todos os povos’” (14,1.3).

Santo Inácio de Antioquia
Foi o terceiro bispo de Antioquia, depois do apóstolo Pedro. Em diversos escritos fala da Eucaristia como Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
- Na carta aos esmirnenses faz um alerta contra quem não acredita na presença real:
“Abstêm-se eles da Eucaristia e da oração, porque não reconhecem que a Eucaristia é a carne de nosso Senhor Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nosso pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou... Convém, pois, manter-se longe de tais pessoas...” (esm7)
- Na carta aos romanos dá o seu testemunho pessoal:
“... a Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nossos pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou... Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero o pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue d’Ele, que é Amor incorruptível” (Roman 7,1.3).
- Na carta filadélfios apresenta a Eucaristia como fonte de unidade:
“Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com o seu presbitério e diáconos, aliás meus colegas de serviço...” (Fl 4).

São Justino de Roma
Nasceu pagão por volta do ano 100 d.C. Converteu-se ao cristianismo no ano 132 d. C. Sua conversão aconteceu principalmente por dois motivos: desilusão com o estudo da filosofia, que não lhe trouxe a tão desejada sabedoria, e o testemunho dos cristãos que não temiam dar a vida por causa de sua fé em Jesus Cristo. Ele próprio foi decapitado entre os anos de 163 e 167 d.C. É considerado o maio apologista e defensor da fé do século II.
“Este alimento se chama entre nós Eucaristia, da qual ninguém pode participar, a não ser que creia serem verdadeiros nossos ensinamentos e se lavou no banho que traz a remissão dos pecados e a regeneração e vive conforme o que Cristo nos ensinou. De fato, não tomamos essas coisas como pão comum ou bebida ordinária, mas da maneira como Jesus Cristo, nosso Salvador, feito carne por força do Verbo de Deus, teve carne e sangue por nossa salvação, assim nos ensinou que, por virtude da oração ao Verbo que procede de Deus, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças – alimento com o qual, por transformação, se nutrem nosso sangue e nossa carne – é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. Foi isso que os Apóstolos nas Memórias por eles escritas, que se chamam Evangelhos, nos transmitiram que assim foi mandado a eles, quando Jesus, tomando o pão e dando graças, disse: ‘Fazei isto em memória de mim, este é o meu corpo’ (cf. Lc 22, 19,20). E igualmente, tomando o cálice e dando graças, disse: ‘Este é o meu sangue’, e só participou isso a eles” (I Apologia 66).

Ireneu de Lião
Santo Ireneu gozou do privilégio de estudar com São Policarpo, que por sua vez fora discípulo do apóstolo São João. Tornou-se bispo de Lião, sucedendo São Potino, que morreu na prisão com 90 anos. Foi um dos maiores teólogos do século II, conhecido pela sua refutação às heresias dos gnósticos.
“Se, portanto, o cálice que foi misturado e o pão que foi produzido recebem a Palavra de Deus e se tornam a Eucaristia, isto é, o sangue e o corpo de Cristo, e se por eles cresce e se fortifica a substância de nossa carne, como podem pretender que a carne seja incapaz de receber o dom de Deus, que consiste na vida eterna, quando ela é alimentada pelo sangue e pelo corpo de Cristo, e é membro deste corpo? Como diz o bem-aventurado Apóstolo na epístola aos Efésios: ‘Somos membros de seu corpo, formados pela sua carne e pelos seus ossos’; e não fala de algum homem pneumático e invisível – ‘porque o espírito não tem ossos nem carne’ – mas da estrutura do homem verdadeiro, feito de carne, nervos e ossos, alimentado pelo cálice que é o sangue de Cristo e é fortificado pelo pão que é o seu corpo.
Como a cepa de videira plantada na terra frutifica no seu tempo e o grão de trigo caindo na terra, decompondo-se, ressurge multiplicado pelo Espírito de Deus que sustente todas as coisas e que, pela inteligência, são postas ao serviço dos homens e, recebendo a palavra de Deus, se tornam eucaristia, isto é, o corpo e o sangue de Cristo, da mesma forma os nossos corpos, alimentados por esta eucaristia, depois de ser depostos na terra e se terem decomposto, ressuscitarão, no seu tempo, quando o Verbo de Deus os fará ressuscitar para a glória de Deus Pai, porque ele dará a imortalidade ao que é mortal e a incorruptibilidade ao que é corruptível, pois o poder de Deus se manifesta na fraqueza” (V Livro – Escatologia cristã 2, 2-3).

S. Cirilo de Jerusalém
Foi bispo de Jerusalém entre 348 e 378 d. C. Ele sublinha a necessidade de interpretar em sentido literal as palavras de Jesus durante a instituição da Eucaristia.
“O ensino de S. Paulo é apto para nos dar a certeza a respeito destes mistérios... Ele disse (1Cor 11, 23-25): ‘naquela noite em que foi entregue, tomou o pão dando graças partiu-o e deu-o aos discípulos dizendo: tomai e comei, isto é o meu corpo. E tomou o cálice, deu graças e disse: tomai e bebei, isto é o meu sangue’. Se ele, portanto, afirmou dizendo: isto é o meu sangue, quem poderá ainda alimentar dúvidas ou dizer que isto não é o seu sangue ?” (Catequese Mistagógica 4,1).
São Cirilo ensina que o admirável mistério da presença de Jesus na Eucaristia acontece quando durante a celebração litúrgica pedimos a Deus para enviar o Seu Espírito: “...para que faça do pão o corpo de Cristo e do vinho o seu sangue: aquilo que é tocado pelo Espírito é santificado e mudado” (Catequese Mistagógica 5,7).

São João Crisóstomo
Foi um grande orador e escritor do século IV d. C. Foi bispo de Constantinopla.
“... não olhando tanto para aquilo que toca os nossos sentidos, mas acreditando nas suas palavras. A sua palavra é infalível, ao passo que o nosso juízo facilmente se engana; à sua palavra nunca falha, ao passo que os nossos sentidos falham em tantas coisas. Portanto, quando Ele diz: isto é o meu corpo, conformemo-nos estritamente a quando diz e acreditemos, contemplando-o com os olhos do espírito. Todos os que estão e que digam: queria ver o seu aspecto exterior, o seu trato, as suas vestes, os seus sapatos. Ei-lo, vede-lo, tocai-o, comei-o” (Sermão sobre o evangelho de São Mateus 82,4).
“...este corpo pregado com pregos, ferido com açoites, não foi roubado pela morte... É este corpo que foi manchado de sangue, transpassado pela lança, do qual brotou uma fonte de salvação para o mundo... Este corpo foi dado para ser tomado e para ser comido” ( Sermões sobre a 1ª Carta aos Coríntios 24,1).

Santo Ambrósio de Milão
Nasceu por volta de 334, quando seu pai exercia em Trévoros uma importante função na administração do Império romano. Como os nobres romanos estudou gramática, direito, literatura romana e grega e retórica. Foi eleito bispo aos 40 anos. Era ainda catecúmeno, isto é, preparava-se para o batismo. Foi batizado e na semana seguinte recebeu as ordens, sendo consagrado bispo em 7 de dezembro de 374.
“Talvez digas: ‘Meu pão é comum. Mas este pão é pão antes das palavras sacramentais; depois da consagração, o pão se transforma em carne de Cristo. Demonstraremos isso. Como pode ser que o pão pode se tornar corpo de Cristo? Com as palavras se fez a consagração e com palavras de quem? Do Senhor Jesus. Com efeito, todo o resto que se diz antes é dito pelo sacerdote: louva-se a Deus, dirige-se-lhe oração, pede-se pelo povo, pelos reis (cf. 2Tm 2,12) e pelos outros. No momento em que se realiza o venerável sacramento, o sacerdote já não usa as suas próprias palavras, mas as palavras de Cristo. Portanto, é a palavra de Cristo que produz o sacramento” (Sobre os sacramentos livro 4, cap. 4).

Santo Agostinho de Hipona
“Você deveria saber o que recebeu, o que vai receber e o que deveria receber diariamente. Aquele pão que você vê no altar, santificado pela Palavra de Deus, é o Corpo de Cristo . O cálice, ou seja, o que está naquele cálice, santificado pela Palavra de Deus, é o Sangue de Cristo. Cristo Senhor quis dar através destes elementos o Seu Corpo e o Seu Sangue que derramou por nós” (Sermões 227, 21).
Este admirável mistério é atribuído por Cirilo à obra do Espírito Santo. Na celebração litúrgica, de fato, pedimos a Deus para que o seu Espírito desça sobre os dons, para que faça do pão o corpo de Cristo e do vinho o seu sangue: aquilo que é tocado pelo Espírito é santificado e mudado.
Essa breve exposição sobre alguns dos principais pensadores do início do cristianismo deixa evidente o fato de que existe uma herança dada por Jesus à Igreja, a esta foi sendo transmitida de geração em geração. Quem viveu mais próximo do Senhor, e daqueles que foram os Seus primeiros interpretes, tem mais credibilidade do que aqueles que não conhecem, ignoram ou tentam diminuir a importância desse ensino que durante séculos orientou o povo de Deus. Seremos fiéis à mensagem do Senhor na medida em que tivermos a coragem de conhecer as raízes da nossa fé. A Igreja não recomeça a sua doutrina a partir desta ou daquela divisão, entre os homens. Negar o passado significa negar a própria origem, isto é, Jesus Cristo.

A doutrina da Igreja e a Eucaristia
No decorrer dos séculos a Igreja sempre colocou em destaque, com precisão e clareza, a doutrina bíblica sobre a presença real de Cristo na Eucaristia. Assim procedeu porque a ela foi confiada, por meio dos apóstolos reunidos com Jesus na última ceia (cf. Mt 26, 20; Mc 14,17; Lc 22,14), a obra de continuar a celebrar o mistério que torna presente o mesmo e único sacrifício da cruz consumado no Calvário.
No Concílio de Éfeso (431) aparece uma das primeiras orientações sobre a Eucaristia, menção feita para corrigir desvios em relação a essa doutrina. Trata-se de um ensino de São Cirilo de Alexandria, assumido nas atas do referido Concílio: “a carne do Senhor é vivificante e é a mesma carne do Verbo de Deus Pai”. A importância dessas breves palavras demonstra o cuidado da Igreja em evitar erros a respeito da Eucaristia.
No século XI, um teólogo chamado Berangário de Tours (1088) nega a possibilidade da presença real, afirmando ser o pão e o vinho apenas uma figura da carne crucificada e do sangue derramado na cruz. Sua posição é contestada de modo unânime pela maioria dos teólogos do seu tempo. Como persistiu em suas idéias, contrárias ao ensino tradicional da Igreja, foi chamado a Roma para fazer uma profissão de fé, durante o Concílio Romano (1079). Este documento dá com clareza como a Igreja se manteve fiel ao ensino de Jesus transmitido pelos apóstolos, professado e aprofundado cuidadosamente no decorrer dos séculos. A profissão de fé de Berengário foi nos seguintes termos: “Eu, Berengário, creio com o coração e confesso com a boca que o pão e o vinho, colocados sobre o altar, mediante a santa oração mística e as palavras do nosso Redentor, são substancialmente convertidas na verdadeira e propriamente vivificante carne e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que depois da consagração são o verdadeiro corpo de Cristo que nasceu da Virgem e que, oferecido pela salvação do mundo, pendeu da cruz; e o verdadeiro sangue de Cristo que brotou do seu lado; e não somente no sinal e na virtude do sacramento, mas na propriedade da natureza e na verdade da sua substância, como é contido neste documento, que eu li e que vós escutastes. Assim creio, e não ensinarei mais contra essa fé”.
No século seguinte, o IV Concílio de Latrão (1215), diante de novas heresias, confirma a mesma doutrina sobre a Eucaristia: “Uma é a Igreja universal do fiéis, fora da qual ninguém absolutamente se salva, na qual o mesmo Jesus Cristo é sacerdote e vítima, cujo corpo e sangue estão verdadeiramente contidos no sacramento do altar, sob as espécies do pão e do vinho, transubstanciando-se o pão no corpo e o vinho no sangue,por poder divino, para que, para realizar o mistério da unidade, recebamos nós mesmos d’Ele aquilo que Ele tomou de nós”.
Diante da gravidade da divisão causada pelos Reformadores protestantes do século XVI, a Igreja Concílio de Trento (1545-1563). Um dos pontos aí definidos pela Igreja foi sobre a Eucaristia, principalmente para esclarecer sobre a posição dos Reformadores protestantes, que interpretavam as palavras de Jesus na última ceia de modo figurativo ou simbólico, negando a Presença real.
Na XIII sessão do Concílio de Trento, em 11 de outubro de 1551, pelo Decreto sobre a Eucaristia, a Igreja proclama a mesma e única doutrina dada por Jesus e ensinada em todos os séculos: “Em primeiro lugar o santo Concílio ensina e professa abertamente e sem reservas que no augusto sacramento da Eucaristia, depois da consagração do pão e do vinho, Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, está contido sob as espécies verdadeira, real e substancialmente. E não há nenhuma repugnância nisto, que o mesmo Salvador esteja sentado à direita do Pai no céu, segundo o seu modo de ser natural, e isto não obstante em muitos altares esteja sacramentalmente presente para nós segundo a substância, com um modo de ser que mal podemos exprimir com palavras, mas que nos com a razão iluminada pela fé podemos conhecer como possível a Deus e devemos crer com suma certeza. Assim, de fato, professaram muito abertamente todos os nossos antepassados, que viveram na verdadeira Igreja de Cristo, que trataram deste santíssimo sacramento: o nosso Redentor instituiu este sacramento na Última Ceia, quando, pronunciada a bênção sobre o pão e sobre o vinho, afirmou, com palavras claras e transparentes, oferecer a eles o seu sangue. Estas palavras, que são recordadas pelos santos evangelhos e repetidas depois por S. Paulo, contêm aquele significado próprio e claríssimo com o qual foram entendidas pelos Padres, pelo que é uma indigna infâmia que elas por alguns homens contenciosos e depravados sejam distorcidas em forma de figuras retóricas fictícias e imaginárias, com as quais se nega a verdade da carne e do sangue; e isto contra o sentido universal da Igreja, a qual, como coluna e base da verdade, detestou, como estas explicações excogitadas pelos ímpios, e reconhece, com ânimo sempre grato e lembrado, este excelentíssimo benefício de Cristo”.
O Cânone 1 sobre o santíssimo sacramento da Eucaristia, do mesmo Concílio de Trento, assim se exprime: “se alguém nega que no sacramento da santíssima Eucaristia esteza contido verdadeira, real e substancialmente o corpo e o sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, e consequentemente todo o Cristo; mas disser que ai se encontram apenas como um símbolo, em figura, e apenas com a eficácia: seja anátema”.
Um dos efeitos imediatos do Concílio de Trento foi a elaboração de um Catecismo dirigido aos sacerdotes, publicado por ordem do Papa Pio V. No capítulo referente à Eucaristia lemos: “Na explicação, porém, cumpre não omitir que Cristo está todo presente não só em cada uma das espécies, mas também em cada parcela de ambas as espécies’. Assim escreveu Santo Agostinho em sua obras: ‘Cada qual recebe Cristo Nosso Senhor, e em cada porção está Ele todo presente. Não fica menor, quando repartido a cada um individualmente, e dá-Se todo a cada um dos comungantes’.
Além disso, podemos facilmente comprovar a mesma verdade pelos textos evangélicos. Não é também de supor que Nosso Senhor consagrasse com forma própria cada pedaço de pão, mas que pela mesma forma consagrou, ao mesmo tempo, todo o pão suficiente para a celebração dos Sagrados Mistérios, e para a distribuição aos Apóstolos. Quanto ao cálice, não padece dúvida de que assim procedeu, porquanto Ele mesmo disse: “Tomai e reparti entre vós’.
As explicações dadas até agora destinam-se aos pastores para que possam demonstrar como no Sacramento da Eucaristia se contém o verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo” (4,34).
Depois do Concílio de Trento, os documentos da Igreja continuaram a seguir a mesma linha de pensamento, isto é, destacando a Eucaristia – Presença Real de Cristo – como o ponto de chegada e de partida e toda a vida espiritual dos cristãos.
Os documentos do Concílio Vaticano II colocam em evidência a importância de manter viva a consciência e prática do significado da Eucaristia. Por exemplo, na Constituição sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium) está escrito: “Para realizar tão grande obra, Cristo está sempre presente em sua Igreja, e especialmente nas ações litúrgicas. Está presente no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, pois aquele que agora se oferece pelo sacrifício sacerdotal é o ‘o mesmo que, outrora, se ofereceu na cruz’” (Com. Trid. Sess XXII, Doctr. De SS. Missae sacrif., c. 2 Denz 940), como sobretudo nas espécies eucarísticas”( SC,7).
Seguindo as pegadas do Concílio Vaticano II e reafirmando a tradição da Igreja, o papa Paulo VI, na Encíclica Mysterium fidei (3/9/1965), afirma: “Estas várias maneiras de presença enchem o espírito de assombro e levam-nos a contemplar o Mistério da Igreja. Outra é, contudo, e verdadeiramente sublime, a presença de Cristo na sua Igreja pelo Sacramento da Eucaristia. Por causa dela, é este Sacramento, comparado com os outros, ‘mais suave para a devoção, mais belo para a inteligência, mais santo pelo que encerra’; contém, de fato, o próprio Cristo e é ‘como que a perfeição da vida espiritual e o fim de todos os Sacramentos’.Esta presença chama-se ‘real’, não por exclusão como se as outras não fossem ‘reais’, mas por antonomásia porque é substancial, quer dizer, por ela está presente, de fato, Cristo completo, Deus e homem. Erro seria, portanto, explicar esta maneira de presença imaginando uma natureza ‘pneumática’, como lhe chamam, do corpo de Cristo, natureza esta que estaria presente em toda a parte; ou reduzindo a presença a puro simbolismo, como se tão augusto Sacramento consistisse apenas num sinal eficaz ‘da presença espiritual de Cristo e da sua íntima união com os féis, membros do Corpo Místico”’.
E, finalmente, convém citar as palavras de João Paulo II na carta Encíclica Sobre a Eucaristia, quando ensina: “A Igreja vive continuamente do sacrifício redentor e tem acesso a ele não só mediante uma lembrança cheia de fé, mas também com um contato atual, porque este sacrifício volta a estar presente, perpetuando-se sacramentalmente em cada comunidade que o oferece pela mão do ministro consagrado. Deste modo, a Eucaristia aplica aos homens de hoje a reconciliação obtida de uma vez para sempre por Cristo para a humanidade de todos os tempos. Com efeito, ‘o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício. Já o afirmava em palavras expressivas São João Crisóstomo: “Nós oferecemos sempre o mesmo Cordeiro, e não um hoje e amanhã outro, mas sempre o mesmo. Por este motivo, o sacrifício é sempre um só. [...] Também agora oferecemos a mesma vítima que então foi oferecida e que jamais se exaurirá”.

AUDIÊNCIA de João Paulo II
Em 11 de outubro de 2000
A Eucaristia é “sacrificium laudis”

Queridos Irmãos e Irmãs,
1. “Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a Vós, Deus Pai onipotente, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória”. Esta proclamação de louvor trinitário conclui em toda a celebração eucarística a oração do Cânon. Com efeito, a Eucaristia é o perfeito “sacrifício de louvor”, a glorificação mais excelsa que da terra sobe ao céu, “fonte e centro de toda a vida cristã, na qual (os filhos de Deus) oferecem (ao Pai) a vítima divina e a si mesmos justamente com ela” (LG,11). No Novo Testamento, a Carta aos Hebreus ensina-nos que a liturgia cristã é oferecida por um “Sumo Sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado acima dos Céus”, que se realizou de uma vez para sempre um único sacrifício, “oferecendo-Se a Si mesmo” (cf. Hb 7, 26-27). “Por meio d’Ele diz a carta oferecemos, sem cessar, a Deus um sacrifício de louvor” (ibid., 13, 15). Queremos hoje evocar brevemente os dois temas do sacrifício e do louvor que se encontram na Eucaristia, sacrificium laudis.
2. Na Eucaristia atualiza-se, antes de mais, o sacrifício de Cristo Jesus está realmente presente sob as espécies do pão e do vinho, como Ele mesmo nos assegura: “Isto é o Meu corpo... Este é o Meu sangue” (Mt 26, 26-28). Mas o Cristo presente na Eucaristia já é glorificado, que na Sexta-Feira Santa Se ofereceu a Si mesmo na cruz.É o que sublinham as palavras por Ele pronunciadas sobre o cálice do vinho: “Este é o Meu sangue, sangue da Aliança, que vai ser derramado por muitos” (Mt 26, 28; cf. Mc 14, 24; Lc 22,20). Se estas palavras forem examinadas à luz da sua filigrama bíblica, afloram duas referências significativas. A primeira é constituída pela locução “sangue derramado” que, como afirma a linguagem bíblica (cf. Gn 9,6), é sinônimo de morte violenta. A segunda consiste na explicação “por muitos”, referente aos destinatários deste sangue derramado. A alusão aqui remete-nos para um texto fundamental com vista na releitura cristã das Escrituras, o quarto cântico de Isaías: com o seu sacrifício, “ao entregar a sua vida à morte”, o Servo do Senhor “tomava sobre si os pecados de muitos” (53, 12; cf. Hb 9,28; 1Pd 2,24).
3. A mesma dimensão sacrifical e redentora da Eucaristia é expressa na Última Ceia pelas palavras de Jesus sobre o pão, tal como são referidas pela tradição de Lucas e de Paulo: “Isto é o Meu corpo, que vai ser entregue por vós” (Lc 22,19; cf. 1Cor 11,24). Também neste caso se verifica uma chamada à doação sacrifical do Servo do Senhor, segundo a passagem de Isaías (53,12), já evocada: “Ele próprio entregou a sua vida à morte... tomou sobre si os pecados de muitos e intercedeu pelos culpados”. “A Eucaristia é, acima de tudo, um Sacrifício: sacrifício da Redenção e, ao mesmo tempo, da nova Aliança, como nós acreditamos e as Igrejas do Oriente professam claramente: o sacrifício hodierno afirmou, há alguns séculos a Igreja grega (no Sínodo Constantinopolitano de 1156-57, contra Sotérico) é como aquele que um dia ofereceu o Unigênito verbo Encarnado [de Deus]; e é (hoje como então) por Ele oferecido, sendo o mesmo e único Sacrifício” (Carta Apostólica Dominicae centae, 9).
4. A Eucaristia, como sacrifício da nova Aliança, põe-se como desenvolvimento e cumprimento da aliança celebrada no Sinai, quando Moisés derramou metade do sangue das vítimas sacrificais sobre o altar, símbolo de Deus, e metade sobre a assembléia dos filhos de Israel (cf. Ex 24, 5-8). Este “sangue da aliança” unia intimamente Deus e o homem num vínculo de solidariedade. Com a Eucaristia a intimidade torna-se total, o abraço entre Deus e o homem atinge o seu ápice. É a realização completa daquela “nova aliança” que Jeremias tinha predito (cf. 31, 31-34): um pacto no espírito e no coração, que a Carta aos Hebreus exalta precisamente partindo do oráculo do profeta, unindo-o ao sacrifício único e definitivo de Cristo (cf. Hb 10, 14-17).
5. A esta altura, podemos ilustrar a outra afirmação: a Eucaristia é um sacrifício de louvor. Essencialmente orientado para a comunhão plena entre Deus e o homem, “o sacrifício eucarístico é a fonte e o centro de todo o culto da Igreja e de toda a vida cristã. Neste sacrifício de ação de graças, de propiciação, impetração e louvor os fiéis participam com maior plenitude, quando não só oferecem ao Pai com todo o coração, em união com o sacerdote, a vítima sagrada e nela, a si mesmos, mas recebem também a própria vítima no sacramento” (Sagrada Congregação para os Ritos, Eucharisticum mysterium, 3 e).
Como diz o próprio termo na sua gênesis grega, a Eucaristia é “agradecimento”; nela o Filho de Deus une a Si a humanidade remida num cântico de ação de graças e de louvor. Recordamos que a palavra hebraica todah, traduzida como “louvor”, significa também “agradecimento”. O sacrifício de louvor era um sacrifício de ação de graças (cf. Sl 50 [49], 14.23). Na última Ceia, para instituir a Eucaristia, Jesus deu graças a seu Pai (cf. Mt 26, 26-27 e paralelos); esta é a origem do nome deste sacramento.
6. “No Sacrifício eucarístico, toda a Criação amada por Deus é apresentada ao Pai, através da Morte e Ressurreição de Cristo” (Catecismo da Igreja Católica, n.1359). Unindo-se ao sacrifício de Cristo, a Igreja na Eucaristia dá voz ao louvor da inteira criação. A isto deve corresponder o empenho de cada um dos fiéis em oferecer a sua existência, o seu “corpo” como diz Paulo em “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12,1), numa comunhão plena com Cristo crucificado e ressuscitado por todos, e o discípulo é chamado a doar-se inteiramente a Ele.Esta íntima comunhão de amor é decantada pelo poeta francês Paul Cladel, que pões nos lábios de Cristo estas palavras: “Vem comigo, onde Eu Estou, em ti mesmo, / e dar-te-ei a chave da existência. / Lá onde Eu Estou, Lá eternamente / está o segredo da tua origem.../ (...) Onde estão as tuas mãos, que não estejam as minhas? / E os teus pés, que não estejam pregados na mesma cruz? / Morri e ressuscitei uma vez por todas! Estamos muito próximo um do outro / (...) Como fazer para te separar de Mim / sem que tu Me dilaceres o coração?” (La Messe là-bas).

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